sexta-feira, 19 de julho de 2013

[insónia]

O silêncio da noite pode ser um inimigo, quando apenas permite que as fantasias da nossa mente, sejam aqueles fantasmas guardados e fechados naquele armário esquecido em um canto nos anexos.
Vagueias pela escuridão, onde cada luz é um foco potente que fere o descanso e lentamente vai despertando a consciência.
Por aqueles momentos, vais ferindo a doçura dos dias, com lanças aguçadas. Vão-se espetando e magoando de forma cirúrgica, o teu descanso. Despertas a consciência, mas aquela que não queres despertar, aquela que resolveste e guardaste, no tal armário ao canto, nos anexos. Tentas a todo o esforço fechar de novo a porta e voltar aos teus dias, ao teu sono reconfortante. Mas as dobradiças rangem e emitem um ruído que te continua a incomodar. 
Sentes a tarefa como, não sucedida. O silêncio da noite, pode, de facto, ser o maior inimigo. Já cansado da luta, rendes-te ao sono que sempre lá esteve e a quem não deixavas dar, a paz que precisa. 
Tomas um chá! O chá solidário com a tua solidão. Esforças por abstrair a mente da realidade em que ela própria se colocou. E ao final de um tempo, nesta caminhada, descansas. E tomas consciência de que és, também, fraco, nos momentos em que os fantasmas teimam em fugir.
E fogem pela noite, pelo silêncio da noite.

Nenhum comentário: