domingo, 23 de dezembro de 2012

3 anos... como o tempo passa!


o silêncio de um grito a 2

Queria escrever-te tudo o que sinto e que justifica ou não tudo o que senti. Mas as palavras não são o meu forte. Ficam presas na realidade do que sinto. Escrevi palavras sem fim, todas elas cheias de amor e carinho e com desejo de felicidade, todas dirigidas a ti, mas que muitas destas não te chegaram. Não chegaram pelo medo de te atingir na dúvida. Não há nada pior que, estando na dúvida, nos virem reforçar um dos lados dessa mesma dúvida. As certezas que possamos ter, desvanecem-se ou acentuam-se, e o resultado pode não ser aquele que a nossa intuição nos apresentou primeiro. Conheces-me e sabes que não me gosto de impor a nada nem a ninguém. As coisas têm de fluir, tal como tantos dos encontros que temos e tivemos. Agradeço-os. Agradeço-te a ti cada gesto, cada preocupação, cada vontade que tiveste em te dirigires a mim, mas que refreaste movido pela dúvida, pelo mesmo medo que eu. 
A vida é composta por ciclos. Momentos que temos de parar e pensar se realmente aquele é o nosso caminho. Porque todos somos assim e porque cada um tem o seu tempo próprio, o seu ritmo, muitas vezes quando chegamos ao cais o barco já partiu. Não é por isso que alguma vez deixamos de pensar que era aquele o barco que queríamos apanhar… mas deixamos partir sem nos apercebermos onde se encontravam os ponteiros do relógio. 
Fiz tentativas sem fim de te transpor para o mundo do esquecimento, sempre acreditando que esse seria o momento certo para o fazer, o momento justo, o momento para te dar felicidade e deixar-te ser feliz. A verdade é que te tenho visto mais triste que nunca. O mundo onde poderia matar todo o amor por ti sentido, revelou-se um mundo imaginário, um mundo imaterial, um mundo que não tem existência. Fui traída pela junção do amor com a esperança. Nunca deixavam matar esse verdadeiro sentimento, nunca deixavam construir esse mundo!
Tantas vezes te disse, por gestos, palavras, esperas, noites mal dormidas, sms que chegavam a dar dor nos dedos, mas não ouvias, não entendias. Estavas ocupado num mundo em que, acredito muito contra a tua verdadeira vontade, a tua verdadeira essência, não te deixava espaço para digerires pequenas e simples coisas. Esse mundo que te sufocava o coração e não te deixava ar para respirares. Eu conheço-te muito bem, sabes! Eu consigo sentir o que sentes mesmo que te encontres no outro lado do mundo.
De cada vez que a semente era colocada com muito amor à terra, não a regavas com água pura e cristalina, mas sim com água suja, apanhada na beira da estrada da vida que por agora caminhas. Depois vinha sempre o contrário (porque somos seres humanos e vezes sem conta racionais demais), a semente que tu plantavas com muito amor e que eu teimava em regar com a mesma água que tu. Sucessão de desencontros, enganos estúpidos que existiam para nos protegermos do mundo. Daquele mundo que receávamos nos caísse em cima.
Chegou o momento do silêncio mútuo. As palavras que nunca se disseram, as mãos suadas que não se tocavam, o olhar que forçava em se unir mas que nos esforçávamos por desviar.
Sei o que senti por ti. O amor verdadeiro. O único, o primeiro e por certo o último. E sei que o teu era igual, da mesma dimensão e com o mesmo espaço temporal. E sabes porque digo isto, porque o confesso? Porque amei alguém sensacional, companheiro, cúmplice, fantástico, O amigo, brilhante, verdadeiro…. Alguém único e que nunca o será igual para ninguém mais. Sei-o porque eras, és assim para e por mim. Quer queiramos quer não, somos sempre um pouco diferentes de uns para os outros. Mas há sempre aqueles para os quais somo nós e únicos. Também eu o que fui, fui-o para ti. E só tu o sabes, só tu tiveste e terás oportunidade de avaliar. Ninguém mais irá experimentar o que tu vivenciaste. Enquanto o tiveste na tua mão, ao amor, esqueceste-te de fechar a mão com força. 
Para além deste meu amor, está o teu. Tudo aquilo que sentiste e sentes, vê-se, transpira por cada poro do teu corpo. Mas falta-lhe alimento, falta-lhe a vontade e capacidade de o fazer.
Nunca é tarde para nada, eu sei, já me disseste vezes sem fim, mas é sempre para ontem a necessidade, a vontade de nos encontrarmos e sermos nós, felizes. Mas para sermos felizes temos de ser verdadeiros e honestos connosco próprios, não tanto para os outros. E isso é que por vezes nos custa tanto. Quando acontece um sismo (está na moda) tudo treme e pensamos em tudo e em muito, mas depois a terra acalma e é bem mais simples viver a corriqueira calmaria do que procurar a verdadeira paz.
As dificuldades e as emoções são oportunidades que nos são dadas de crescimento e enriquecimento interior. Essa lição, eu aprendia à minha custa, mas sei que muito mais tenho para aprender e vou aprender.
Sabes, ardi com a dor, afundei-me com a saudade, afoguei-me na mágoa. Depois fechei a janela e deixei-me embalar por uma enxurrada de sentimentos que por ela tinham entrado. Respirei cada caminho que a ti me leva sempre, por mais que tentasse mudar as coordenadas do GPS. É o campo magnético que me, nos envolve, que atraiçoa as agulhas da vida. Queria pelo menos por um momento poder esquecer, poder esquecer-te e deixar-me sentir esse sentimento diferente que nunca senti… a sensação de que não estás lá. De que nunca lá estiveste. É impossível! Parto em cada dia para a minha realidade, aquela em que te respiro em cada lufada de ar que os meus pulmões conseguem conter.
Esta nossa vida parece um iô-iô na mão frágil e pura de uma criança que teima em brincar num vai e vem inebriante. Onde estás meu amor, por onde te perdeste? Estarás tu a passear à nossa beira-mar à espera do pôr-do-sol da vida. Aquele mar que nos serviu tantas vezes de cabeceira aos sonhos, aos voos, à alegria e ao riso e ao silêncio? Aquele silêncio onde nada era preciso ser dito porque tudo era entendido! Ou este silêncio que é nosso, onde te vejo sempre ali à espera, com os olhos avelã que são e foram sempre a minha âncora, de um toque, de um carinho.
Não esperes meu amor. Vai, liberta-te, deixa-te voar, com ou sem uma nossa viagem. É a tua viagem. Tu é que sabes e conheces o destino e todo o roteiro. Liberto-te das minhas amarras porque te amo. E porque amor é isso, é deixarmos de ser nós para sermos o outro. Esse é o amor incondicional que tenho e sempre por ti tive. Esse é o teu amor para mim.
A felicidade constrói-se e nós, somos arquitectos da nossa vida. 
Vai… mas saberás sempre que estou a velar por ti. O meu amor estará sempre, de certa forma, em ti. 
Este ano que bate à porta é o ciclo exacto que tens, que tenho (porque até aí somos iguais, temos a mesma força, a mesma energia que nos rodeia) para atingir o equilíbrio que precisas. É o ano de esclarecer problemas, de os resolver para o futuro. Este é o ano das decisões que te irão acompanhar nos teus e meus próximos anos. Tira partido do que te é dado. 
Deixo-te estas palavras como mensagem de um amor sem fim, de um amor que não se compreende. Tem, como eu, sempre a certeza de que tudo o que vivemos, todos os momentos e lembranças que possamos ter, foram inundados sempre de muito amor, carinho e respeito. Os pequenos detalhes estão lá e passam por nós, porém não os vemos. Passam como minúsculas partículas de pó, mas que a qualquer momento nos tocam e nos fazem espirrar, acordando-nos e relembrando-nos que eles existem, que sempre existiram. Sempre estiveram, estão e sempre estarão. Porque te amo.
Até amanhã, minha vida…

In Tricas & Tretas 23.12.2009

Este foi dos textos que escrevi que mais gostei e que nunca mais esqueci. Por isso o fui procurar e o partilhei.

2 comentários:

Anônimo disse...

Lamento mas,só nos merece quem connosco quer estar,ou quem fizemos por merecer, todos os outros (excepção para os "desastres" da vida) não nos merecem ou nós não os merecemos a eles.
Quem parte porque simplesmente não quer ficar não é nem pode ser a pessoa certa
Boas festas

D. disse...

Bem-vindo anónimo.
Não tendo a concordar, de todo. Mas como é óbvio, aceito a opinião.
Pena que os anónimos são isso mesmo, anónimos.